quinta-feira, 17 de abril de 2014

Não existe cristianismo sem Cruz - Papa Francisco




Não existe cristianismo sem Cruz - Papa Francisco

Não existe cristianismo sem Cruz, não há possibilidade de sairmos sozinhos de nossos pecados, a Cruz não é um enfeite para ser colocado no altar, mas o mistério do amor de Deus.

Em caminho no deserto, o povo murmurava contra Deus e contra Moisés, mas quando o Senhor mandou as serpentes, o povo admitiu seu pecado e pediu um sinal da salvação. Não há possibilidade de sairmos sozinhos de nosso pecado. Estes doutores da lei, as pessoas que ensinavam a lei, não tinham uma ideia clara sobre isto. Acreditavam, sim, no perdão de Deus, mas se sentiam fortes, sapientes; e fizeram da religião e da adoração a Deus uma cultura com valores, reflexões e mandamentos... pensavam que o Senhor pudesse perdoar.

No deserto, o Senhor ordenou que Moisés fizesse uma serpente abrasadora e a colocasse numa haste. Quem fosse mordido e a contemplasse viveria.

O que é a serpente? É o sinal do pecado, como vimos no Gênesis, quando a serpente seduziu Eva e lhe propôs o pecado. Deus mandou hastear o pecado como uma bandeira da vitória. Isto é difícil de entender se não compreendermos o que Jesus nos diz no Evangelho.

Ele disse aos Judeus: “Quando levantarem o Filho do homem, saberão quem eu sou”. No deserto, foi hasteado o pecado, mas um pecado que procurava salvação, porque ali seria curado. Quem foi levantado, foi o Filho do homem, o verdadeiro Salvador, Jesus Cristo.

O cristianismo não é uma doutrina filosófica, não é um programa de sobrevivência, não serve para nos educar, ou para fazer as pazes. Estas são consequências. O cristianismo é uma pessoa, uma pessoa levantada na Cruz, alguém que renunciou a si para nos salvar; que se fez pecado. Assim como no deserto foi elevado o pecado, aqui foi elevado Deus, que se fez homem e se fez pecado por nós. E todos os nossos pecados estavam lá. Não se pode entender o cristianismo sem entender esta humilhação profunda do Filho de Deus, que se humilhou e se fez servo até a morte e morte de Cruz, para servir.

É por isso que o Apóstolo Paulo, quando fala sobre o que lhe envaidece, diz “os pecados”. “Nós não temos outra coisa de que nos orgulhar: esta é a nossa miséria”.

O coração da salvação de Deus é seu Filho, que assumiu todos os nossos pecados, as nossas soberbias, as nossas seguranças, nossas vaidades, nosso anseio de ser como Deus. Nossas chagas, que deixam o pecado em nós, se curam somente com as chagas de Deus feito homem, humilhado e aniquilado. É este o mistério da Cruz.

Não é uma decoração que devemos colocar nas igrejas e nos altares. Não é um símbolo que nos distingue dos outros. A Cruz é o mistério, o mistério do amor de Deus, que humilha a si mesmo, que se anula, se faz pecado. O perdão que Deus nos dá não é cancelar uma dívida: são as feridas de seu Filho na Cruz, elevado na Cruz. Que Ele nos atraia e nós nos deixemos curar.


Fonte: Rádio Vaticano

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