segunda-feira, 28 de abril de 2014

Jão XXIII: O pai da Igreja moderna.



João XXIII (1881-1963), chamado de "Papa bom", que foi canonizado neste último domingo 26 de abril, é considerado o pai da renovação da Igreja Católica desde o lançamento do Concílio Vaticano II, em 1962.
Conhecido por sua simplicidade e afabilidade, o pontífice esteve à frente da Igreja por apenas cinco anos, de 1958 a 1963. Foi beatificado em 3 de setembro de 2000 por João Paulo II. Agora ambos foram canonizados pelo papa argentino Francisco.
Ele ganhou fama como progressista por ter promovido o diálogo com outras religiões e com os que não professam religião, assim como por ter destacado as raízes judaicas do Cristianismo, tentando   fechar antigas feridas. 
Angelo Giuseppe Roncalli nasceu em 25 de novembro de 1881, em Sotto il Monte (norte da Itália), em uma modesta família camponesa da Lombardia. Estudou no Seminário Pontifício Romano e foi ordenado padre em 1904 e bispo em 1925. Seguiu a carreira diplomática e foi enviado para Bulgária, Turquia e, finalmente, França, pouco depois da Segunda Guerra Mundial.
Salvou milhares de judeus dos campos de concentração durante o conflito mundial, ajudou a salvar milhares de judeus da perseguição nazista na Hungria, o que foi reconhecido por importantes organizações judaicas.
"Foi uma das pessoas mais sensíveis à tragédia judaica e fez muito para salvá-los", indica uma inscrição no portal Yad Vashem, o Memorial do Holocausto de Jerusalém.
Seu plano foi batizar judeus húngaros, que, de posse das certidões, evitaram ser enviados para os campos de concentração. Sua estratégia evitou a morte de 24 mil, pessoas, de acordo com depoimentos dados nos tribunais de Nuremberg.
Em 1953, foi designado cardeal e nomeado patriarca de Veneza. 
Ele tinha 77 anos quando foi eleito papa, em 28 de outubro de 1958, com o nome de João XXIII, sucedendo a Pio XII.
"Vou abrir a janela da Igreja"
O novo papa, que era visto inicialmente como uma figura de transição, surpreendeu o mundo ao anunciar em 25 de janeiro de 1959 a celebração do Concílio Vaticano II. Na assembleia, que ele inaugurou em 11 de outubro de 1962, bispos de todo o mundo se reuniram para mudar a Igreja.
"Vou abrir a janela da Igreja para que possamos ver o que acontece do lado de fora e para que o mundo possa ver o que acontece na nossa casa", declarou na época.
Na noite de sua eleição para o "trono de Pedro", diante da multidão, pronunciou o memorável "Discurso à Lua". Naquele momento, estabeleceu um contato direto e humilde com o povo, que serviu, inclusive, de inspiração para o argentino Francisco.
"Aqui, de fato, todo o mundo está representado. Poderíamos dizer que até mesmo a Lua está com pressa esta noite...observem-na, lá no alto, esta olhando para este espetáculo...", afirmou ele, sob um esplêndido luar de outubro.
"Voltando para casa, encontrarão as crianças. Deem a elas um carinho e digam:"Este é o carinho do Papa"", concluiu, usando palavras simples e inovadoras no discurso da Igreja.
A princípio, os setores conservadores do Vaticano pensavam que o Concílio não debateria assuntos importantes, mas rapidamente perceberam que não seria assim.
Crise dos mísseis em Cuba.
O Concílio Vaticano II debateu muitos temas - do abandono da batina ao latim como idioma oficial da Santa Sé, passando pela liberdade de consciência e de religião, pelo diálogo com outras religiões e pela modificação da atitude do Catolicismo em relação aos judeus.
A assembleia ainda não estava concluída quando João XXIII faleceu, em 3 de junho de 1963, depois de ter publicado a encíclica "Pacem in Terris" (Paz na Terra). 
Poucos meses antes de sua morte, ele havia enviado a histórica mensagem radiofônica "urbi et orbi" às embaixadas dos Estados Unidos e da extinta União Soviética para pedir paz e frear a chamada crise dos Mísseis em Cuba. No período bastante delicado, o mundo ficou à beira de uma guerra nuclear.
Sabia combinar dinamismo co tradição.
De forma pouco tradicional - embora dentro das normas canônicas que estabelecem as prerrogativas do pontífice -, o papa Francisco decidiu que João XXIII será canonizado mesmo que a Congregação para a Causa dos Santos não tenha comprovado que ele intercedeu em milagre.
Seu ex-secretário particular, Loris Capovilla, hoje com 98 anos, explicou que um dos segredos do papa Roncalli era "sua capacidade de combinar dinamismo com tradição, conservadorismo com abertura evangélica."
Várias histórias circulam sobre seu apurado senso de humor e seu dom admirável para não se levar a sério. Contavam em Roma que João XXIII disse pouco antes de morrer:"Se desde o início da Eternidade Deus sabia que eu ia ser papa e teve 80 anos para ir me modelando, por que me fez tão feio?".

Fonte: br.noticias.yahoo.com




Nenhum comentário:

Postar um comentário