sábado, 5 de julho de 2014

"O Céu visitou a terra no campo dos pobres"



A emocionante carta de um sacerdote francês que se encontrava em um campo de concentração durante a II Guerra Mundial


Esta é a carta de um sacerdote francês que se encontrava no campo de concentração de Hradischko (a 30km de Praga), a um sacerdote tcheco.

“Meu caro irmão em Cristo, sou um sacerdote da Santa Igreja Católica Romana, da diocese de Bellery, na França (a diocese de São João Maria Vianney, pároco de Ars). Atualmente sou prisioneiro no campo de concentração de Hradischko. Sou o único sacerdote entre todos os prisioneiros; comigo se encontra também um seminarista teólogo. Fui preso pela Gestapo; aqui é impossível praticar os deveres espirituais, celebrar a Santa Missa e comunicar-se. Compreenderá a minha dor como sacerdote.

Não se surpreenda, portanto, que me volto ao senhor para que busque me ajudar no estado de abandono em que me encontro. Teria a possibilidade, após uma madura reflexão e com todas as precauções do caso, de me enviar o Novo Testamento, a Imitação de Cristo, um Missal Romano e algumas hóstias consagradas? Faz dez meses que não recebo a Santa Comunhão. Esteja certo que serei prudente. O meu companheiro, o teólogo e eu, seus irmãos em Jesus Cristo, o saudamos cordialmente e lhe pedimos a sua benção”, sacerdote Gabriel Gay.

Padre Alois Betik responde e acrescenta os livros pedidos. E as hóstias consagradas? Do arcebispo uma resposta direta: “Não é possível”.

O deportado se submete fielmente e termina uma nova carta deste modo: “Gostaríamos muito de poder comungar no dia do Nascimento do Mestre, no Natal! Mas que seja feita a sua vontade!”.

Padre Betik desobedeceu pela primeira vez na sua vida e deu 15 hóstias consagradas ao pároco de Pikovice, que tinha acesso à área proibida. Em 18 de dezembro de 1944, comungaram em Hradischko. “O Céu visitou a terra no campo dos pobres. Não sabemos como agradecê-lo. Estamos gratos também ao jovem pároco de Pikovice pela coragem, e esperamos que aproveitem novamente a ocasião para nos enviar a Eucaristia quando for possível. Para nós representa a esperança, a força e a paz. Por ocasião das festas natalícias rezaremos especialmente na secreta comunhão dos santos”, foi a resposta do padre Gabriel.

Uma nova carta após o Natal. “Foram belas as festas natalícias porque tínhamos entre nós Jesus, que pôde entrar em nosso coração. Outros deportados se comunicaram conosco. O meu amigo seminarista e eu nos comunicaremos novamente no dia da Epifania. Se for possível nos enviar outras hóstias santas, não exite em fazê-lo. O Cristo eucarístico é a nossa alegria e a nossa suprema consolação”. 

Em 8 de fevereiro de 1945, depois do segundo envio clandestino: “o Cristo eucarístico provocou grande alegria a muitos em nossas misérias. Neste momento nos sentimos muito felizes porque tivemos tudo aquilo que precisamos: a Eucaristia, o Missal Romano, o Novo Testamento e o Breviário”. 

Um mês depois: “podemos esperar receber pela terceira vez o Corpo de Cristo para cumprir, junto a numerosos companheiros do campo, o nosso dever pascal?”. Padre Betik não pode responder a este último pedido, e a Páscoa do padre Gabriel foi no céu. No dia 11 de abril foi assassinado junto com sete deportados, com uma rajada de metralhadora, enquanto trabalhava.

http://www.aleteia.org/

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